sábado, 18 de outubro de 2008
Memória do Futebol Cearense - Fortaleza 90 anos - Breve passeio pela história do Leão do Pici.
Passeio pela história leonina. Seguindo uma espécie de linha do tempo, rememore os grandes momentos, ídolos, as curiosidades e os símbolos da história leonina. Bom passeio!
Leão
Criado em 1967 por um grupo de cinco tricolores - Jackson de Carvalho, José Raimundo Costa, Sílvio Carlos, Vicente Alencar e Júlio Salles. Conforme Sílvio Carlos, a inspiração veio da conquista do Estadual daquele ano. “Foi um título de muita garra, muita camisa”, destaca. Ele conta ainda que a escolha do Leão veio para cativar uma nova geração de torcedores. “O Raimundo Costa pesquisou e viu que o animal que fazia mais sucesso nos circos era o leão. Isso ajudou na escolha”, aponta.
Alcides Santos
Fundador do clube, em 1918, Alcides de Castro Santos é apontado por muitos como o maior incentivador do esporte no Estado. Estudou na Europa e trouxe do Velho Mundo a paixão pelo futebol - criou outro Fortaleza, em 1912, o Stella Foot-Ball Clube, antecessor do Leão, em 1914, e incentivou a fundação da Associação Desportiva Cearense, em 1920. Comerciante, participou ativamente da vida leonina nas primeiras duas décadas de vida do clube.
Escudo
O azul, vermelho e branco demonstra a influência européia, sobretudo francesa. Uma representação encontrada também no Stella, antecessor do Leão, em homenagem ao colégio na Suíça onde estudaram os fundadores dos dois clubes. O nome Fortaleza remete à Capital do Estado, em contraponto ao rival Ceará. Por anos o escudo teve apenas as iniciais FEC.
Fatos curiosos
O Tricolor foi fundado com o nome de Fortaleza Sporting Club. Porém, com a adesão do Brasil à II Guerra Mundial, em 1943, mudou o nome para o atual Fortaleza Esporte Clube.
O Fortaleza chegou a fechar para o futebol. O clube deixou o Cearense de 1929 quando liderava, por dificuldades financeiras, atritos internos e descontentamento com a Federação. Os atletas fundaram o Orion e levantaram o título de 1930. O time perdeu no ano seguinte para o Ceará, em decisão polêmica, e acabou extinto, com os jogadores sendo “repatriados” pelo Tricolor em 1932.
Conforme o pesquisador Alfredo Sampaio, em 1938, o atacante tricolor Alemão anotou oito gols contra o Iracema, sendo seis de cabeça, recorde no futebol local.
O hino que hoje ecoa na voz dos tricolores foi composto em 1967, quanto Jackson de Carvalho resolveu homenagear o clube em forma de música, celebrando seus 50 anos de fundação. Oito anos antes, no entanto, o Leão já contava com uma melodia que narrava sua trajetória nos gramados, composta e interpretada por José Jatahy.
Uniformes
1914
Com camisa branca e uma estrela vermelha no peito surge o Stella Foot-Ball Club, que de cujo seio nasceria o Fortaleza quatro anos depois, já tricolor.
1927
As tradicionais listras em vermelho, azul e branco aparecem de princípio na vertical.
1946
Em uma das variações de estilo, uma listra azul e outra vermelha cruzam a blusa branca do Leão.
1960
O clube já adota o visual que permanece até hoje, com poucas variações - camisa tricolor com listras horizontais, sendo a azul e a vermelhas mais grossas.
2005
Para celebrar os 87 anos de fundação, a diretoria lança uma camisa dourada, de gosto duvidoso.
2008
Versão atual do uniforme. O padrão mantém as tradicionais linhas horizontais, com visual mais moderno nas mangas e gola.
Fatos marcantes
1918
Fundação do clube por um grupo de jovens em 18 de outubro, tendo à frente Alcides Santos.
1920
Ano do primeiro campeonato cearense oficial. O Tricolor vence a competição.
1928
O clube conquista seu primeiro tricampeonato. O feito seria repetido somente entre 2003 e 2005.
1932
O Fortaleza retoma as disputas locais. O clube esteve afastado desde 1929, por causa da crise financeira e divergências com a Federação (ADC).
1946
O Leão vence o Estadual e o Nordestão. A equipe contava com o goleiro Juju, o médio Arrupiado, e os atacantes Jombrega, França, Zecapinto e, de tão fantástica, levou o nome de Esquadrão Atômico.
1957
Por iniciativa de Carlos Rolim Filho o Fortaleza comprou o terreno da sede do Pici. O estádio levou o nome do fundador Alcides Santos e os alojamentos o de Otoni Diniz.
O time conquista mais um bicampeonato, só que com um gostinho especial. Na série decisiva, bate o rival Ceará por três vezes na mesma semana: 4 a 0; 1 a 0; e 3 a 1.
1983
O Tricolor montou uma seleção em busca de mais um bicampeão. Capitaneados pelos 33 gols de Luizinho das Arábias, levaram o troféu com vitória sobre o Ferroviário na decisão.
1995
Época de vacas magras no Pici. O clube joga a Série C até 1999, mas é beneficiado pela disputa do Torneio João Havelange, em 2000. Após chegar próximo do fundo do poço era a hora da retomada tricolor.
2000
O Fortaleza deixa a fila de sete anos sem títulos locais ao empatar a decisão com o Ceará, por 1 a 1, em Sobral. De quebra, o Tricolor impediu o penta do maior rival. Depois daí viriam duas ascensões para a Primeira Divisão e mais uma série de títulos locais.
Ídolos
ANOS 20
JURACY
Primeiro grande ídolo. Atuou nos estaduais de 1920, 21, 23, 24 e 27, conquistando três títulos e três artilharias. Outros: Humberto Ribeiro (atacante), João Gentil (volante), Rolinha (goleiro) e Moacir (zagueiro)
ANOS 30
JOMBREGA (Atacante)
Famoso ponta direita defendeu o Fortaleza em 1937/38 e entre 1946 e 1948, conquistando quatro estaduais. Outros: Hildebrando, Bila, Vem-Vem e Mundico (atacantes)
ANOS 40
FRANÇA
Recordista em número de artilharias no Cearense - cinco vezes, sendo três pelo Tricolor. Campeão Cearense pelo time em 1946 e 1947, e do Nordeste em 1946. Outros: Juju (goleiro), Idalino (volante), Antonino (atacante)
ANOS 50
MOÉSIO GOMES
Sinônimo de Fortaleza, foi o grande atacante do clube na década. Venceu
os estaduais de 1953 e 54, sendo artilheiro em 1952, 53 e 54, além de campeão como treinador pelo time em 1974 e 1982. Outros: Bececê (atacante), Sapenha (zagueiro), Salvador (atacante)
ANOS 60
MOZART GOMES
Para muitos, o principal ídolo da história leonina. Foi campeão cearense em 1959, 60, 65, 67 e 69, além de vice da Taça Brasil de 1960 e artilheiro do estadual de 1964. Outros: Croinha (atacante) Sanatiel (zagueiro), Haroldo
Castelo Branco, Mimi (atacante)
ANOS 70
AMILTON MELO
Atacante tricolor nos início da década de 70. Campeão estadual de 1974 marcando dois gols na final contra o Ceará. Outros: Beijoca (atacante), Chinesinho (volante), Cícero Capacete (goleiro), Louro (lateral direito), Geraldino Saravá (atacante), Lulinha (goleiro), Lucinho (meia)
ANOS 80
PEDRO BASÍLIO
Dono da defesa tricolor desde a década anterior. Um dos maiores zagueiros do clube na história. Outros: Luizinho das Arábias e Adílton (atacantes), Salvino (goleiro), Celso Gavião (zagueiro), Tangerina (meia)
ANOS 90
ELIÉZER
O meia foi o ídolo leonino em uma década não tão gloriosa. Conquistou os cearenses de 1991 e 1992, além de muitas resenhas fora dos gramados. Outros: Sandro (atacante); Mirandinha (atacante) e Expedito (lateral)
2000
RINALDO
É um dos principais goleadores da história tricolor, com mais de cem gols pelo clube. Atuou pelo Leão em 2004, 2006, 2007 e 2008, participando dos títulos estaduais de 2004 e 2007 e da campanha vitoriosa da Série B de 2005. Clodoaldo poderia rivalizar com ele nesta década, porém, a polêmica transferência para o Ceará, em 2006, manchou o Capetinha no Pici. Outros: Bosco (goleiro), Dude (volante), Ronaldo Angelim (zagueiro) e Clodoaldo (atacante)
Números
8 a 0
a favor do Fortaleza é o maior placar registrado em Clássicos-Reis na história. A goleada aconteceu em 17 de julho de 1927 com gols de Hildebrando (3), Pirão (2), Xixico, Humberto Ribeiro e Juracy
13
é o número de bicampeonatos estaduais conquistados pelo Fortaleza, recorde no quesito. O clube possui ainda dois tricampeonatos
16
jogos passou o Fortaleza sem perder para o Ceará em jogos oficiais, entre 1999 e 2001
39
gols é a marca que o atacante Sandro alcançou no Estadual de 1997. Ele é o recordista de gols em uma mesma edição do campeonato.
O HINO ATUAL
Fortaleza, clube de glória e tradição.
Fortaleza, quantas vezes campeão. Fortaleza, querido idolatrado, estás sempre guardado, dentro do meu coração.
Altivo, tua vida sempre foi um marco, tua glória é lutar e vencer também, salve o Tricolor de Aço.
No campo, provaste mesmo que não tens rival, tua turma é valente, é sensacional, salve o Tricolor de Aço.
Soberbo, tua fibra representa um norte, combativo, aguerrido, vibrante
e forte. Sem demonstrar cansaço,
Receba um sincero, abraço da torcida tão leal, meu Tricolor de Aço!
O HINO ANTIGO
Campeão, campeão
Salve o Tricolor de Aço
Azul, branco, encarnado
Suas cores são glórias do passado
São as cores do meu clube, que beleza
Aquela camisa, Fortaleza És da praça, todo mundo tricolor
És na vida, todo tempo, toda dor És no parque, toda a gente a delirar
E cada gente mais se admirar Em cada fileira tens um homem de valor
Vamos pra vitória, Fortaleza, Tricolor.
Campeão! Ô campeão…
Seleção de aço.
A missão era das mais complicadas. Percorrer os 90 anos de história leonina para elencar os time ideal do Tricolor. Uma equipe com o principal destaque do clube em cada uma das 11 posições no gramado. Como a briga se projetava acirrada, o jornal O POVO consultou dez personalidades ligadas ao futebol cearense e ao Fortaleza para assumir a tarefa.
Foram convidados a opinar os ex-jogadores Zé Cândido e Sérgio Redes, o pesquisador e escritor Airton Fontenele, os jornalistas Alan Neto e Vicente Alencar, o radialista Júlio Salles, e os dirigentes Lúcio Bomfim (atual presidente), Ribamar Bezerra e Sílvio Carlos (ex-presidentes) e Mário Henrique (presidente do Conselho Deliberativo). O resultado deu vida a um verdadeiro time dos sonhos, armado no ofensivo sistema 4-3-3.
Como os votantes, em sua maioria, optaram por escolher atletas que eles acompanharam em campo, a seleção tricolor tem como base as décadas de 1960 e 1970. O gol foi uma das posições mais disputadas. Harry Carey, Zé Augusto, Bosco, Pedrinho Simões e Salvino foram citados, mas a vaga ficou com Lulinha, dono da meta tricolor nos anos 70, com três votos. A defesa não contou com surpresas nas laterais: Louro na direita - o mais votado, com sete citações - e Carneiro na esquerda, com cinco votos. A dupla de zagueiros é composta por Pedro Basílio, (6 votos) e Zé Paulo (5) - Ronaldo Angelim por pouco não entrou na equipe.
O meio-campo conta com três dos integrantes do “quadrado mágico” da década de 1970 - Chinesinho (4), Lucinho (4) e Amílton Melo (5). O último, por sinal, ganhou votos também para o ataque. Mas a linha de frente leonina já estava preenchida. Caindo pela direita, a habilidade do ídolo Mozarzinho, com cinco votos. No comando de ataque, outro representante da década de 1960, o mortal Croinha e suas três citações. E na ponta esquerda, Júlio César, que entortou defesas adversárias nos anos 80, com quatro votos.
Uma formação respeitável que, infelizmente, não entrou em campo com a camisa tricolor. mas joga, nos sonhos dos admiradores do bom futebol.
Fonte: Jornal O Povo e Google Imagens
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